segunda-feira, 30 de abril de 2012

Bebês dentro do padrão




Minha opinião:
A medicina preventiva. Algo que sonho que seja a realidade na saúde do Brasil, fazendo com que as pessoas com deficiência sejam independentes quando na fase adulta.Descobrir uma deficiência quando bebê e trabalhar na reabilitação dessa criança é fundamental para uma adolescência e vida adulta saudáveis. Hoje, infelizmente, deparamos com pessoas com deficiência em reabilitação na fase adulta, e por isto, dependente da família e do Estado.A utilização da medicina preventiva, trabalhando na reabilitação desde cedo da pessoa com deficiência, evitará muitas mazelas que enfrentamos hoje.Um tratamento adequado, através de uma equipe multiprofissional, fará com que os adultos estejam mais integrados e incluídos, até mesmo não precisando de Benefícios do governo para se manterem, pois estarão de tal forma preparados, saudáveis, integrados, até mesmo no trabalho.Não atuo com finanças, nem tenho esta pretensão, mas na minha concepção acho óbvio que seria uma economia para o país cuidar de uma pessoa com deficiência desde criança, preparando-a para vida independente, ratifico, através de uma equipe multiprofissional, estando incluído nesta reabilitação a educação especial, quando necessário.O que vemos hoje são pessoas adultas em tratamento e muitos dependendo de benefícios, a margem, muitas vezes de uma vida digna, até mesmo de uma VIDA, o que poderia ser diferente caso tivessem um tratamento preventivo na tenra idade.Não me deixa mentir o teste do pezinho e tantos outros exames, porém estamos aquém do ideal a que temos direito. É preciso mais, e este mais está nas mãos destes profissionais, como da Dra. Ana Paula Bensemann e da Dra. Eugênia Valadares, pediatra, geneticista e professora e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, que está a frente de uma importante criação de Oscip, da qual tenho orgulho de está contribuindo e fazer parte desta história, não só para mudar a realidade de crianças com doenças raras em Minas Gerais, como no Brasil.São pessoas que fazem a diferença, contribuindo com suas experiências!Vou terminar com uma frase singela: "O Estado somos todos nós"! Acredito nisto e faço a minha parte!Não. Vou finalizar com esta frase: ""O método é muito barato: é necessário um colchão, um banco para a criança se firmar de pé e brinquedos adequados à idade".Acredito que temos que andar de mãos dadas com o Estado (falo da federação) e não individualmente, pois cada um tem sua responsabilidade neste cenário.Ana Lúcia de Oliveira
Artigo publicado no Jornal Estado de Minas, no caderno Ciências, do dia 30/04/2012.Pesquisa feita na UFMG comprova metodologia canadense que avalia e identifica o desenvolvimento motor de bebês
Professora do Departamento de Fisioterapia da UFMG, Ana Paula  Bensemann diz que com análise correta é possível identificar preventivamente problemas e encaminhar a criança para reabilitação  (Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Professora do Departamento de Fisioterapia da UFMG, Ana Paula Bensemann diz que com análise correta é possível identificar preventivamente problemas e encaminhar a criança para reabilitação
Pequenas diferenças entre brasileirinhos e estrangeiros



Elian Guimarães

Publicação: 30/04/2012 04:00


Um estudo com o objetivo de confirmar para o Brasil uma avaliação de origem canadense que acompanha o desenvolvimento  motor grosso de crianças de até oito meses de vida, usando a escala Alberta Infant Motor Scale (Aims), acaba de ser concluído na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No Brasil, segundo a pesquisadora e professora do Departamento de Fisioterapia da UFMG Ana Paula Bensemann Gontijo, autora do trabalho, faltavam instrumentos padronizados para nossa população. Isso porque na prática clínica, os pesquisadores usam alguns instrumentos e metodologias voltados para a população estrangeira, em sua maioria desenvolvidos no Canadá, nos Estados Unidos ou na Europa, baseando-se numa realidade diferente da socioeconômica e cultural do brasileiro.


Uma das maiores contribuições de Ana Paula foi justamente validar uma metodologia que avalia e identifica um período importantíssimo na vida do bebê: a função motora grossa, que na faixa etária que pesquisada indica aspectos do desenvolvimento infantil como rolar, engatinhar, sentar, ficar de pé, dar passos e andar independentemente. 


Nessa escala, explica Ana Paula, avaliam-se quatro posições: prono (de barriga para baixo), supino (barriga para cima); sentado e em pé. A avaliação acompanha gráficos com desenhos motores que são esperados de serem observados e é fácil de ser discutida tanto com os pais como com os profissionais da saúde (médicos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos). “Um dos objetivos do método Alberta é avaliar e identificar crianças com atraso motor, acompanhar longitudinalmente o desenvolvimento motor grosso até os oito meses e testar a eficácia dos programas de intervenção,” diz a professora.


O método Alberta dispõe de uma curva gráfica de percentis – tabelas de medições para comparar e avaliar o crescimento da criança com referência a uma escala padrão, no qual os parâmetros levam em conta peso, altura e circunferência da cabeça –, que variam de cinco, 10, 25, 50, 75 e 90, sendo que os pontos de corte de cinco e 10 são importantes para detectar o atraso motor. O percentil 10 vai até o quarto mês e o cinco a partir do oitavo mês. Todas as crianças até o quarto mês que estiverem abaixo do percentil cinco deverão ser encaminhadas para acompanhamento ou intervenção na área de reabilitação infantil.


No trabalho, a professora da UFMG identificou alterações nas curvas principalmente nos meses iniciais, sugerindo o uso da curva da avaliação brasileira para sua adoção na prática clínica e em pesquisas. “Um ponto muito positivo é que Belo Horizonte foi dividida em três grandes blocos de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), única variável que pode ser extrapolada para todo o país por ser ela representativa. No entanto, sabemos que o país é muito grande, com diversidades culturais específicas e regionais e essas características podem trazer impacto no desenvolvimento das crianças,” explica a professora. Outras questões regionais de práticas maternas poderão ser pesquisadas no futuro a partir desse estudo, detectando o impacto das variáveis no desenvolvimento motor dos bebês. 


Uma criança com atraso motor pode apresentar outros problemas, como uma paralisia cerebral, e por essa razão a detecção é muito importante: quanto mais cedo ela for encaminhada para reabilitação, maiores as chances de recuperar o ritmo do desenvolvimento. Ana Paula Gontijo trabalha com a questão do desenvolvimento infantil desde que se formou e vinha percebendo a necessidade de sistematizar a prática clínica e a pesquisa: “Uma das formas de se fazer a sistematização é por meio do uso de teste padronizado. Como já é documentado na literatura que o uso de testes estrangeiros não é adequado para todas as realidades culturais e econômicas, surge a necessidade da tradução e validação desses instrumentos para a população brasileira. Minha proposta foi avaliar se esse instrumento poderia ser usado na nossa cultura baseando-se nessa curva de desenvolvimento com dados normativos canadenses.”


 O Brasil é o segundo país em número de publicações que usam o método Alberta. “Ele é muito barato. Todas as demais avaliações dispõem de um kit, num custo em torno de U$S 1 mil. O Alberta qualquer pessoa, em qualquer condição ou situação dentro do país, pode usar. É necessário um colchão, um banco para criança se firmar de pé e brinquedos adequados à idade. Daí, usamos uma formatação em forma de gráficos, com figuras, para facilitar a discussão dos resultados da avaliação com os pais e os profissionais envolvidos”, explica a professora.
"O método é muito barato: é necessário um colchão, um banco para a criança se firmar de pé e brinquedos adequados à idade" 


Ana Paula Bensemann Gontijo, pesquisadora e professora da UFMG




Elian Guimarães

Publicação: 30/04/2012 04:00

A pesquisa durou quatro anos. Três em coleta de dados que alcançou as nove administrações regionais de Belo Horizonte, onde foram visitados postos de saúde, unidades municipais de ensino infantil (Umeis), consultórios médicos, creches e berçários. O fechamento do trabalho foi em janeiro deste ano e já foram encaminhados dois artigos para publicação internacional.


Foram avaliadas 660 crianças de até oito meses de vida, divididas na mesma relação proporcional da mostra do Canadá, onde foram pesquisados 2.200 bebês, com a mesma proporção de sexo. Nesse ponto ,houve uma descoberta importante: a literatura, até então, sugeria que o sexo masculino teria um desenvolvimento motor grosso mais acelerado. No entanto, os resultados desses estudos não identificaram essa diferença, conforme conta Ana Paula.


 O estudo indicou algumas diferenças em relação ao desenvolvimento entre brasileirinhos e canadenses. Esse aspecto, segundo ela, também foi observado em outros países onde houve validação do método. Entre crianças holandesas, que nasceram com 37 semanas ou com menos tempo de gestação, foi observado desenvolvimento motor inferior em relação às canadenses. No Brasil, o resultado indicou uma avaliação motora diferenciada no percentil final, comparado ao canadense, entre 5 e 10.


 Uma das questões levantadas na pesquisa foi que a posição prona (de bruços) é muito importante para o desenvolvimento motor. Entretanto, essa posição deixou de ser recomendada, uma vez que demonstrou ser em grande número de incidências, a causa de morte súbita de bebês. A avaliação Alberta foi desenvolvida anteriormente a essa advertência. Já ficou documentado em estudos no Brasil que os pais brasileiros estão conscientes e têm evitado essa posição. Esse pode ser um dos fatores a esse ritmo de desenvolvimento mais lento das crianças brasileiras.